Porque meus pais me odeiam???Por Washington Souza
- Então tá combinado assim - diz Josete – a gente se encontra às 20:00 na casa da Rita, onde o Renato irá apanhar a gente de carro.
- Já é! – Jane responde baixinho ao telefone – eu não vou perder essa festa de jeito nenhum. Cê tá sabendo que a louca da Márcia tá armando pra ir com o Joel?
- Se tô sabendo??? É claro que tô. E quer saber mais? Eu acho até que tá rolando alguma coisa.
- Cê acha que eles tão ficando, Jô?
- Ela diz que não, Jane. Que é só NPS (Namoro Por uma Semana), mas a Rose me contou que o papo que tá rolando é que a coisa é bem mais séria. Que inclusive a fofoqueira da Bia contou que a viu comprando na farmácia um daqueles testes.
- De gravidez???
- Não, sua tonta... De matemática. Claro que é de gravidez ô, se liga! E se a Bia falou, com certeza é verdade... Ela é fofoqueira, mas não é mentirosa.
- Tá legal Jô, depois a gente conversa porque eu ainda vou ter que inventar uma desculpa para convencer os chatos dos meus pais a me deixarem passar a noite fora.
- Tchau!!!
De repente parece que tudo o que se deseja fazer tornou-se definitivamente incorreto e proibido.
Para qualquer pergunta que se faça ou qualquer solicitação que se tenha, a resposta virá sempre na forma de um doloroso e sonoro, “não”.
Se um amigo convidá-lo para uma festa, a resposta deles será não.
Se aquela banda de música que todos adoram vier cantar no clube do bairro, todos os seus amigos irão assisti-los, menos você.
Por mais que se insista dizendo que os pais de outros já concordaram, você terá por resposta que a responsabilidade deles se resume a você, não tendo estes assim, nada a ver com a vida dos pais de seus amigos.
Que opção eles deixam então para você, senão mentir?
Se tudo o que você mais gosta e deseja nunca é permitido por eles que faça?
É nesta fase da vida que o adolescente passa a acreditar que tudo o que seus pais fazem tem a intenção de prejudicá-lo e deixá-lo triste.
Uma vez que não conseguem enxergar a verdade, e entender que o zelo e cuidado dos pais visam protegê-lo das diversas armadilhas preparadas para sua destruição, o adolescente passa a acreditar que seus pais o têm por inimigo, e que farão de tudo para que seja infeliz.
Cada “não” recebido por resposta, parece ter o mesmo efeito que uma bomba destruidora em sua cabeça.
Cada cobrança feita, por menor que seja, tem o poder de fazer com que este acredite que, com todas as suas forças, seus pais o odeiam.
Nesta fase, o afastamento torna-se inevitável e o diálogo cada vez mais raro.
As mentiras tornam-se corriqueiras e o adolescente passa a buscar motivos para entender o porquê de despertar tanto ódio em seus pais, e não conseguindo encontrá-los, procura refúgio em grupos de amigos, que envolvidos com as mesmas dúvidas e frustrações, acabam por levá-lo por um caminho com conseqüências ainda mais graves.
Aquilo que pode começar parecendo uma simples “mentirinha” inofensiva, com o objetivo de ir a uma festa que com certeza irá “bombar”, poderá terminar como um problema bem mais sério no futuro que poderá incluir uso de drogas, doenças sexualmente transmissíveis, abortos e etc.
A experiência adquirida durante os anos de vida, parece às vezes não ser suficiente para que alguns pais consigam ajudar seus filhos nessa fase difícil pela qual eles passam. Ao contrário disto, o que temos visto, é que, alguns pais, com medo de que seus filhos passem pelos mesmos problemas e dificuldades enfrentadas no passado, resolvem tomar atitudes que comprovadamente não surtem o menor efeito na solução do problema, e que ao invés disso afastam cada vez mais seus filhos, tornando-os arredios e introvertidos para qualquer tipo de relacionamento familiar.
Alguns pais têm por atitude, abandonar o filho a própria sorte, deixando com que este sofra as conseqüências por seus atos, acreditando que a própria vida se encarregará de ensinar-lhe o que for necessário. Não se preocupam mais por onde andam e muito menos com as amizades que têm. Acham que estão dessa forma fazendo-lhes bem, acreditando que a “escola da vida” irá educá-los.
Por outro lado existem aqueles pais que tomam atitudes inversas a estas, mas que acabarão por produzirem os mesmos efeitos. Pais que, havendo cometido erros no passado, sofrem as conseqüências destes até os dias de hoje. Um filho que não foi planejado, um aborto que, com exceção daquela “melhor amiga”, ninguém ficou sabendo. As drogas que lhe foram apresentadas naquela festinha e que se tornaram companheiras durante longos anos. Enfim... Erros cometidos numa época onde o que se buscava era apenas diversão, e onde não se mediam conseqüências sobre os atos que se praticava.
Uma vez chegada à maturidade, estes agora resolvem que irão proteger os filhos de todas as formas possíveis para que não cometam os mesmos erros.
A intenção está totalmente correta, mas às vezes as atitudes tomadas para atingirem o objetivo é que estão erradas. Ao invés de conversarem de forma aberta com os filhos, fazendo com que estes entendam suas intenções de proteção, tomam a atitude de isolá-los do mundo, não lhes permitindo participar de nada que aos seus olhos pareça nocivo a integridade de seus filhos. Então começam a proibir que se realizem coisas que, com a instrução correta, não passariam para seus filhos de mera diversão e que os ajudariam na verdade a obterem discernimento entre aquilo que lhes é lícito e aquilo que lhes convém praticarem ou não.
A adolescência é a fase das descobertas. É um período onde se acredita que se irá encontrar o par ideal no primeiro namoro, geralmente realizado escondido dos pais. Quem vive escondido, vive em trevas, e Deus não quer que o adolescente seja trevas, afinal ele lhe fez para ser luz. Seja luz, esteja aceso, por que somente o pecado pode lhe apagar.
O livro de Gênesis, no capítulo três e versículo oito conta-nos o momento em que Adão resolve esconder-se de Deus em meio ao jardim, porque sentiu medo. O fruto de algo escondido traz conseqüências geralmente desagradáveis. A estratégia do diabo é paralisar você. É fazer com que o sentimento de culpa gerado pelo pecado faça você sentir-se envergonhado e acreditar que precisa esconder-se de Deus. Saiba isto: nada pode ficar oculto aos olhos de Deus. E por mais que tentemos fugir dele após pecarmos, continuaremos a ouvir sua voz assim como Adão no jardim a procurar por nós a fim de sarar nossas feridas, perdoar-nos e continuar a cuidar de nós.
Em construção: AI DEUS, PEQUEI... O QUE FAÇO AGORA?
